A ciência desmistifica o antigo ditado de que "o dinheiro não traz felicidade". Vários estudos indicam que a renda torna a vida mais satisfatória, embora não garanta a felicidade a ninguém. Há quem diga que R$ 11 mil por mês seria o número mágico. Mas renda demais também gera problemas
Não
é de hoje que a felicidade frequenta o universo dos sonhos, da música,
da poesia e da literatura. Há apenas 40 anos ela pisou em solo
acadêmico, no qual é objeto de investigação em economia, psicologia,
ciências políticas e medicina. Em geral, todos os estudos têm uma
pergunta em comum: o que faz alguém ser feliz? Ao longo das décadas, os
pesquisadores ofereceram várias respostas. A mais recente, realizada em
2010 pela Wharton School, da Pensilvânia, a mais antiga e conceituada
escola de administração dos Estados Unidos, afirma, taxativamente, que
o dinheiro traz a felicidade.
Para chegar a essa
conclusão, os norte-americanos examinaram dados de 140 países e
constataram que quanto mais dinheiro a pessoa tem, mais satisfeita ela
está com a vida - o que vale para um cidadão brasileiro, dos EUA ou de
qualquer outro país do mundo. A felicidade está baseada na renda
absoluta (ter renda). Por isso, depende muito da prosperidade econômica
e da distribuição de renda do país onde se vive. Assim, quanto mais
rica a nação, mais felizes são os cidadãos.
Não há dúvida de que quem nasce em um país desenvolvido tem uma vida
bem mais fácil. "Nos EUA, por exemplo, não temos de nos preocupar com o
fato de nossas crianças estarem morrendo, como acontece em alguns
países subdesenvolvidos. Nem temos de ganhar a vida por meio do
trabalho manual", afirma Wolfers.
O
estudo avaliou como as pessoas se sentiam em relação à vida entre os
anos de 2005 e 2009, e colocou o Brasil à frente de nações como os EUA,
a França, a Espanha e a Itália. Nas Américas, o país ficou atrás só da
Costa Rica e do Canadá, na 6ª e 8ª colocações, respectivamente. A
Dinamarca, na época, era a campeã do bemestar, seguida da Finlândia,
Noruega, Suécia e Holanda. No rol dos países carentes, o Togo (África)
é o campeão da infelicidade, seguido pelos países africanos Burundi e
Comores, e pelo Camboja (Ásia).
Para
as famílias norteamericanas alguns dos principais fatores de felicidade
são: renda, plano de saúde, casamento, filhos e educação superior.
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Anteriormente,
em 2008, a Gallup já havia feito uma pesquisa em 132 países sobre o
estado de satisfação pessoal e o estado de felicidade (The Well-Being Index),
Essas informações foram processadas em um banco de dados e as respostas
foram colocadas em um gráfico. Por meio dele, os cientistas constataram
que quanto maior o nível de renda per capita, maior é o grau de
satisfação. Aí, também a Finlândia, a Noruega, a Nova Zelândia, os EUA
e a Itália apresentam índices de satisfação mais altos, enquanto Haiti,
Congo, Quênia, Camarões e Angola, muito baixos.
O banco
de dados da Gallup serviu de base para o estudo do economista Angus
Deaton, da Universidade de Princeton (EUA), e do psicólogo Daniel
Kahneman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2002. Determinados a
saber até que ponto o dinheiro compra a felicidade, os dois analisaram
450 mil respostas de mil norte-americanos, coletadas entre 2008 e 2009,
definindo o "preço da felicidade": uma renda anual de até US$ 75 mil
(cerca de R$ 130 mil, ou R$ 11 mil mensais). Como fatores geradores de
felicidade os entrevistados destacaram, aleatoriamente: renda,
religião, maturidade, casamento, plano de saúde, filhos e educação
superior. Como fatores de infelicidade nos Estados Unidos foram
indicados: solidão, problemas de saúde, dor de cabeça, vício de fumar,
sustentar família, obesidade e divórcio.
O mais
interessante é que, a partir do patamar de R$ 11 mil, mais riqueza não
significa mais felicidade. O importante, portanto, não é ser rico e sim
não ser pobre. O estudo aponta que a alta renda não garante a
felicidade, embora torne a vida mais satisfatória. Em contrapartida, a
baixa renda - um salário mensal abaixo de R$ 11 mil - compromete o
bem-estar emocional em casos de divórcio e doenças.
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